Macro Insights

Brasil - Copom

Nesta quinta-feira, o mercado ainda digeriu a decisão do Copom que foi conhecida ontem, após o fechamento dos mercados.

Como era amplamente esperado, em decisão unânime sem dissidentes, o Banco Central manteve a Selic em 15% a.a.

O tom do comunicado pós decisão se manteve mais duro. O BC preferiu manter um tom de maior cautela. Seguem abaixo os principais destaques deste documento:

- O Banco Central manteve a projeção de inflação no horizonte relevante de política monetária (1T27) em 3,4%, mesma projeção da última reunião do Copom, há 45 dias atrás, mesmo considerando o movimento recente de valorização do real frente ao dólar. Com isso, a projeção do BC continua distante do centro da meta de 3%.

- O Banco Central também preferiu manter a frase que fala que a política monetária seguirá em território contracionista por período bastante prolongado.

- O Banco Central deixou o balanço de riscos para inflação inalterado;

- Finalmente, o BC manteve a frase que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.

Nossa visão: O tom mais duro do comunicado nos pareceu acertado considerando que, mesma com a economia em desaceleração, o mercado de trabalho segue com dinamismo, haja vista o novo recuo da taxa de desemprego para 5,6%. Além disso, apesar do cenário mais benigno para inflação com ajuda do câmbio (valorização do real frente ao dólar), as expectativas de inflação seguem acima do centro da meta de 3% e a inflação de serviços continua rodando muito pressionada (em algumas métrica com alta de 6% no ano contra ano).

Em resumo, o Banco Central não deu nenhuma abertura, nenhum espaço para que o mercado acreditasse em uma possível antecipação do início do ciclo de corte de juros no Brasil. Em outras palavras, podemos dizer que, a chance de corte de juros em dezembro diminuiu muito após este comunicado de ontem. Seguimos com nosso cenário base de manutenção da Selic em 15% ao longo de todo segundo semestre. Projetamos o início do corte de juros no Brasil no começo de 2026. Por ora, mantemos nossa projeção de Selic em 12% no final de 2026. Porém, reconhecemos que, sendo mais duro agora com objetivo de reancorar as expectativas de inflação, é possível imaginar uma Selic abaixo de 12% (eventualmente 11,5%) no final do ano que vem.

Dalton Gardimam – Economista Chefe  

Maria Clara Negrão - Economista